Ninguém deve estar muito bem enquanto vê a pessoa mais importante da sua vida sucumbir.
Eu tenho um herói.
Alguém que me salvou tantas vezes de mim mesma que não posso contar.
E hoje eu não sei se consigo salvá-lo.
Estou aqui, segurando as mãos dele, checando de vez enquanto se ainda está respirando, se sobrou algum coração pra bater.
É uma dor que dura há décadas, mesmo que ele próprio tenha vivido poucas.
E eu não posso curar.
Sentar e esperar é tudo que me resta.
Queria dormir e acordar num susto, e me dar conta, como aconteceram outras vezes, de que tudo não passava de um sonho, um sonho hediondo, mas apenas um sonho.
Quantas vezes eu já tive esse desejo durante minha vida...
E desse vez seria muito bom, viria muito a calhar.
Um daqueles sonhos compridos que engolem outros sonhos, mas que fosse só um sonho, imaginado pelo meu cérebro paranóico.
Mas não é. Certo, meu amor?
Você está aí mesmo, preso no limbo. E eu estou do outro lado do véu esperando que você se cure e deseje voltar pra mim.
Sinto sua falta.
Sinto falta da sua vitalidade, da sua alegria, do seu sorriso lindo, do seu bom gosto e suas reflexões. Sinto falta do seu reflexo.
Como pode o mundo ser um lugar tão cruel com uma criatura tão doce?
Queria te colocar nos braços e te levar pra longe de tudo isso.
Talvez eu o faça.
Talvez eu me canse de esperar pela sorte ou pelo destino.
Talvez eu te sequestre da sua miséria como você fez comigo, e te leve pra algum campo florido, com brisa fresca e céu azul.
Porque você merece mais. Você merece amor. Merece carinho e colo.
E o mundo merece pagar com solidão o mal que fez a você.